A primeira 7-Star Match da história
Vamos começar por falar um pouco sobre o combate que Kenny Omega e Kazuchika Okada tiveram no NJPW Dominion 6.9 in Osaka-Jo Hall, no passado mês de junho. Ambos os lutadores começaram uma rivalidade entre si quando Omega venceu o G1 Climax em 2016 e Okada era o IWGP Heavyweight Champion, levando então a uma luta entre ambos no Wrestle Kingdom 2017 que acabou sendo vencida pelo japonês. Nesse mesmo ano, uma revanche foi realizada no Dominion, no entanto, nenhum dos dois venceria devido ao limite de 60 minutos ter sido atingido. Cerca de dois meses depois, voltaram a se encontrar no torneio G1 Climax e, dessa vez, seria Omega a sair como vencedor. Feitas as contas, havia uma vitória para cada lado e um empate.
No Wrestling Dontaku deste ano, após Okada reter o cinturão contra Hiroshi Tanahashi, ele seria novamente desafiado por Omega para um última combate. O ‘Rainmaker’ aceitou, mas na condição da luta ser um ‘No Time Limit 2-out-3 Falls’. A expetativa era alta para o combate e eles não nos decepcionaram. Foram cerca de 65 minutos de ação como só esses dois podiam proporcionar e Kenny Omega acabou por vencer mesmo depois de ter estado a perder por 1-0. As opiniões sobre esse quarto combate entre os dois foram unânimes com a grande maioria dos fãs, jornalistas e outras pessoas ligadas à indústria o considerando como o melhor combate a ser realizado até à data. O conceituado jornalista do Wrestling Observer, Dave Meltzer, não teve dúvidas e avaliou a luta em 7-Stars, sendo então a luta com maior avaliação por parte do mesmo.
O reerguer do Impact Wrestling
Apesar de muitos zoarem o Impact Wrestling por alguns problemas do passado, a sua nova gerência tem feito um ótimo trabalho para tentar trazer ela de volta aos seus anos de glória. Nomes como Pentagon Jr, Fenix, Brian Cage, Rich Swann, entre vários outros, têm contribuído para uma melhoria significativa no seu roster. Além disso, o seu produto sofreu uma grande mudança em relação ao que era apresentado no ano passado, mostrando uma tendência para o lado ‘hardcore’. Tudo isso fez com que o seu produto passasse de ruim para algo que até pode dar algum prazer de assistir. Podemos pegar no caso do Slammiversary que foi um PPV consistente de início ao fim e que até foi elogiado por várias pessoas.
Apesar disso, tivemos a controvérsia que envolveu Austin Aries no Bound for Glory em que o mesmo, após a sua derrota para Johnny IMPACT, abandonou de imediato a arena após a campainha soar e xingou Don Callis. Ainda que isso não tenha sido culpa da empresa, é algo que certamente manchou o seu ano. E, se tem algo que o Impact Wrestling precisa de melhorar, é o seu contrato televisivo. Os seus shows estão a ser transmitidos na Pop TV até o final do ano, começando a serem transmitidos posteriormente no Pursuit Channel. Sei que não se deve criticar uma coisa sem ela sequer ter começado, no entanto, se tratando de um canal de caça e pesca, sinto que não é uma alternativa viável. Além do mais, os shows serão transmitidos às sextas-feiras, o que pode ser ainda mais arriscado devido à realização do WWE SmackDown Live no mesmo dia a partir de outubro.
Apesar disso, tivemos a controvérsia que envolveu Austin Aries no Bound for Glory em que o mesmo, após a sua derrota para Johnny IMPACT, abandonou de imediato a arena após a campainha soar e xingou Don Callis. Ainda que isso não tenha sido culpa da empresa, é algo que certamente manchou o seu ano. E, se tem algo que o Impact Wrestling precisa de melhorar, é o seu contrato televisivo. Os seus shows estão a ser transmitidos na Pop TV até o final do ano, começando a serem transmitidos posteriormente no Pursuit Channel. Sei que não se deve criticar uma coisa sem ela sequer ter começado, no entanto, se tratando de um canal de caça e pesca, sinto que não é uma alternativa viável. Além do mais, os shows serão transmitidos às sextas-feiras, o que pode ser ainda mais arriscado devido à realização do WWE SmackDown Live no mesmo dia a partir de outubro.
A queda contínua da WWE
Não é novidade para ninguém que o produto da WWE tem sido constantemente ruim nos últimos anos, apenas melhorando em certas ocasiões, porém este ano parece ter sido um dos piores que a empresa viveu nos últimos tempos. Focando no Main Roster, que deve ser o grande destaque da companhia de Stamford, percebemos que quase nada correu bem. Tal como sempre acontece, o início do ano prometia bastante devido ao Road to WrestleMania, mas essa visão cairia rapidamente por diversos fatores e assim continua até hoje. Houve várias lesões que fizeram alterar o booking de um momento para o outro e nem sempre a WWE conseguiu reagir a isso de forma sequer satisfatória. Basta olhar para o que aconteceu recentemente com Roman Reigns para perceber isso. Desde que o ‘Big Dog’ saiu devido a leucemia e abdicou do Universal Championship que a WWE não consegue tornar o Raw num programa minimamente interessante. Como se não bastasse, ainda tivemos Baron Corbin como General Manager da brand vermelha por longos meses, o que acabou por piorar ainda mais o produto, e um Universal Champion que fazia uma aparição de três em três meses.
Já no SmackDown Live, a coisa pode ter sido um pouco melhor, mas mesmo assim teve várias más decisões que estragaram tudo. O WWE Championship só começou a ter um booking decente há um mês. Em janeiro, as coisas ainda pareciam promissoras com Kevin Owens e Sami Zayn estando contra AJ Styles, porém acabariam sendo ‘enterrados’ e colocados a enfrentar a gestão da brand azul. As rivalidades que opuseram AJ Styles a Nakamura e Samoa Joe foram quase a cópia uma da outra sendo longas demais e tendo várias lutas a terminar por desqualificação de forma desnecessária. O US Title foi colocado de parte quase sempre e raramente foi defendido, ou simplesmente visto, durante várias semanas.
Juntando as duas brands, percebemos facilmente que tudo correu errado e que os fãs têm razões suficientes para estarem irritados com a WWE. Não é por acaso que as audiências têm diminuído drasticamente e as plateias apareçam vazias em alguns shows, afinal a empresa merece. Na semana passada, tivemos a gerência a dizer que iam dar aos fãs aquilo que eles quiserem, porém será apenas uma ilusão e tudo voltará a cair dentro de pouco tempo.
A continuação da Women’s Revolution
Apesar de tudo o que citei acima sobre a WWE, ainda existe uma coisa que está salvando o Main Roster de ruir por completo, a divisão feminina, em especial a do SmackDown Live. Num ano em que tivemos a realização do primeiro Royal Rumble e Elimination Chamber femininos e do primeiro PPV totalmente feminino, o Evolution, percebemos que as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço dentro da empresa e que chegam até a ser mais interessantes de acompanhar que os homens. Nomes como Ronda Rousey, Becky Lynch, Charlotte Flair ou Asuka têm tido bastante destaque nos últimos meses e não é por acaso, afinal já nos deram bastantes momentos memoráveis em 2018. Rousey, que tem dominado a divisão feminina do Raw, apesar de estar há pouco tempo no ramo do wrestling, já mostrou que pode fazer coisas bastantes boas, especialmente se tiver uma oponente de topo. Já no SmackDown tivemos a rivalidade entre Charlotte e Becky que foi, para mim, uma das melhores do ano e que consolidou a ‘ Irish Lass Kicker’ como um dos nomes preferidos dos fãs. No WrestleMania, tivemos Asuka e Charlotte a terem uma das lutas mais faladas do evento. Tivemos ainda a TLC Match entre Asuka, Becky e Charlotte que se realizou há menos de uma semana. Foram tantas as coisas boas que essa divisão trouxe que eu nem consigo as enumerar todas, no entanto vocês perceberam aonde eu quero chegar.
Tudo o que as mulheres alcançaram e, sobretudo, aquilo que foi feito este ano, só deve ter um final possível: o combate principal do WrestleMania 35. Uma luta a terminar o maior show do ano está na mente da empresa há bastante tempo e esta será a oportunidade perfeita para a fazerem, afinal têm tudo a seu favor. Por gosto, eu queria que Becky Lynch estivesse nesse combate, porém as quatro mulheres que eu falei são merecedoras de tal feito.
NXT e 205 Live - O melhor da WWE
Apesar das principais brands da empresa estarem com pouca qualidade, ainda existem duas coisas que salvam a WWE: o NXT e o 205 Live. A brand amarela, nos últimos anos, já tem tido a sua posição de destaque na empresa, mas, na minha opinião, reforçou ainda mais esse estatuto na empresa. Chegaram vários nomes de topo ao seu roster que já eram bastante conhecidos na indústria como os War Raiders, Matt Riddle, Ricochet, Keith Lee ou EC3, o que ajuda a melhorar o seu produto e, acima de tudo, garante que o NXT tem lutadores bons o suficientes para manter a sua qualidade durante bastante tempo. Para quem acompanhou a brand este ano, sabe também que foram realizadas quatro 5-Stars Matches, o que significa que, num ano, o NXT teve quase tantas lutas avaliadas em 5* como a WWE tinha até 2017.
O 205 Live não era levado a sério até janeiro deste ano, mostrando apenas alguns combates semanais que não possuíam qualquer sinal de qualidade. Tudo isso mudou quando Triple H assumiu o controlo da brand destinada aos chamados Cruiserweights. Foi uma mudança que resultou e, logo nos primeiros shows ao seu comando, vimos aquilo que os fãs querem realmente assistir, wrestling. Deixou de ser um show dominado por ‘Gangsters’ ou relacionamentos amorosos sem sentido (Alicia Fox com Noam Dar e Cedric Alexander) para ser um show em que são realizados grandes combates e que possui rivalidades interessantes. Tudo isso permitiu a ascensão de vários lutadores que até então estavam ‘escondidos’ pela empresa, tal como Buddy Murphy que estava perdido no NXT e rapidamente se tornou em uma das melhores coisas que a WWE tem para oferecer hoje em dia. Até nos PPV’s verificamos que, quando lhes é dado espaço e tempo, os Cruiserweights conseguem fazer uma das melhores lutas da noite. Facilmente percebemos que, no que toca a WWE, tudo pode resultar se estiver nas mãos certas e é por isso que acredito que, quando Triple H assumir o controlo do Raw e SmackDown, pode fazer com que a empresa seja novamente conhecida pelo seu bom wrestling.
Mudanças na Ring of Honor
A Ring of Honor já foi considerada uma das melhores empresas da América do Norte, porém, nos últimos tempos, mostrava um produto que era focado exclusivamente em um só grupo, o Bullet Club. Isso se devia especialmente ao facto de ter um roster bastante limitado e, devido aos altos salários dos membros da referida stable, era quase impossível de contratar novos nomes para alavancar de novo a empresa. Não me entendam mal, afinal a ROH ainda conseguia fazer lutas de qualidade acima da média. No entanto, a grande maioria dessas lutas envolviam os Young Bucks, o que mostrava que estavam dependendo bastante deles e isso era um problema grave.
Após o Final Battle, que se realizou há poucos dias atrás, ficámos a saber que os membros do Bullet Club e os The Addiction (Daniels e Kazarian) estariam abandonando a Ring of Honor e isso é algo que ajudou bastante a aliviar a folha salarial da empresa. Isso permitiu a contratação de nomes mais baratos, mas que podem trazer bastante qualidade e diversidade ao atual produto apresentado. Nomes esses como PCO, Brody King, Mark Haskins, Bandido ou Rush, que irão ser vistos ao longo dos próximos meses na programação da empresa, têm agora o peso nas costas de fazer a Ring of Honor melhorar o seu produto e chegar de novo aos seus dias de glória.
O ‘boom’ do cenário independente
As indies sempre mostraram que conseguem fazer grandes lutas nos shows que realizam, porém, este ano, tivemos algo que fez elas receberem ainda mais atenção, o All In. Esse evento, criado e realizado pelos Young Bucks e Cody, mostrou que as indies podem ser tão grandes ou até maiores que a própria WWE. Os recursos financeiros e visibilidade poderiam não ser os melhores, mas várias empresas e lutadores se mostraram disponíveis para mostrar que o cenário independente está mais vivo que nunca. A juntar aos grandes e conhecidos nomes que participaram no All In vindos de várias empresas como a NJPW, ROH, Impact Wrestling, entre outras, tivemos também um grande trabalho realizado com toda a transmissão que esteve a um nível de topo. Houve alguns problemas, sobretudo relacionados com o tempo das lutas, mas isso foi compensado com várias surpresas e combates espetaculares.
Ao que tudo indica, os Young Bucks, juntamente com Cody e Adam Page, podem criar uma nova empresa chamada All Elite Wrestling. Os quatro nomes já abandonaram a Ring of Honor e, depois da realização do Wrestle Kingdom, é esperado que digam também adeus à NJPW. Eles conhecem bem como a indústria funciona e, se fizerem algo tão bom como foi o All In, podemos estar à beira de presenciar o nascimento de um fenômeno que pode entrar de rompante no topo do wrestling. Só nos resta esperar para saber se tudo isso será verdade ou meras especulações.
Estes foram os temas que achei que mais definiram o ano de 2018 no que toca ao wrestling, mas com certeza tem outros que não foram citados. Comente e nos diga a sua opinião sobre os tópicos referidos e o que adicionaria à lista.
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